30 dezembro 2003

Será que existem caracóis em marte?

Eu gostava muito, mas mesmo muito, que existissem caracóis em marte, verdes ou amarelos, pequenos ou grandes, muitos, muitos caracóis. E que esses caracóis tivessem construido uma, uma não, muitas, diversas, sociedades nesse planeta. E que esses caracóis enviassem para a terra, uma enorme sonda para nos explorar. Seria muito giro. Gosto muito de imaginar, à noite, na cama, depois de uma terapeutica punheta, os caracóis a invadirem-nos, destruindo a assembleia da república, o pálácio de Belém, os Jerónimos... Era fixe... Os sacanas dos deputados e os merdas dos ministros, secretários de estado... Espera ai! Secretários de estado?? Essa merda não será uma coisa um pouco... apaneleirada?? Será o governo todo constituido por rabetas e papa-putos? Foda-se... Ainda vou ser preso por ofensas e calunias sobres esses cabrões. Mas tudo bem, nada receio. Eu sei que os caracóis de marte nos vão libertar e acabar com essa merda toda. Eu acredito que a estrutura social caracoídal, criada em marte, poderá nos levar a desenvolver um pouco mais o nosso cérebro. Acordar as partes mortas ou adormecidas da nossa massa cinzenta, sem cor. Vamos, por fim, poder restaurar a nossa vedadeira matéria cósmica, carbónica, com sangue e saliva. Que bom será o cruzamento entre os caracóis e as mulheres, entre o homens e as caracóias.

29 dezembro 2003

Caramba!

Não tenho mais nada para escrever. Nada mais para dizer. Estou chateado, aborrecido, completamente saturado de todos voçês.
Nataldosfilhosdeputasranzosas

É natal, o caralho... É só alegria, o caralho... Luzinhas e sininhos nas ruas, filhos da putas vestidos de vermelho, politicos labregos, bófias ladrões, táxistas gatunos e chulos, espanhois a roubar ainda mais......... FODA-SE... Natal feliz porquê????

17 dezembro 2003

Isto porque ...

A história, nossa, com todas as suas estórias de nobres e sacanas, padrecos e virgens de casas alternadas, deve ser reescrita, pela verdade, para que possamos ser verdadeiramente, nobre povo, nação valente e imortal.
Luziades

Ó Camões, chupa-me os colhões...
É preciso ...

... avisar a malta. Isto dizia o outro, não sei o nome, mas que o gajo disse, lá isso disse. Bom, mas agora o que os porcos governantes desta merda à beira mar cagada dissem, não é avisar a malta mas sim foder a malta. Dissem e fodem mesmo... que os cabrões não estão aqui para brincadeiras de militares com birinhas por causa do seu pré. Ah, desculpem-me, o 25 não foi uma birinha dos feijões verdes, dissem que foi uma... uma... revolução? Golpe de estado?? Desculpem-me mais uma vez, a Istória mais recente desta plantação de merda à beira mar, merda verde e vermelha, de canhões que já não marcham, murchos, sem heróis nem mar para navegar em liberdade, não é muito linear para mim, nem fácil de entender. Escrita como sempre foi, por um punhado de aldrabões e corruptos, não consegue ser clara nem definida frontalmente para quem necessita de saber o porquê, as questões fundamentais para eu ser o que sou e o que fui. Nobre povo manchado de mentiras e sem valentia alguma, para esta nação ter sido alguma vez imortal. Às armas, o caralho, aos tachos isso sim... aso tachos que temos fome...

23 novembro 2003

Sacanas

Só consigo ver sacanas à minha volta. Não é minha paranoia, mas sim a una verdade cósmica. Sacanas de roupas de marca, carros de marca, putas de marca, conversas de marca. Marcas que por serem de eleição desses sacanas, se transformaram também elas, em sacanas de marcas de merda. Esses sacanas tem caras iguais, sempre iguais, atrás uns dos outros, na mesma foto onde todos os outros estão. Sacanas com necessidade de serem vistos, sem nada para se ver. Sacanas que falam muito, mal e sem nada de interese para dizerem ou para nós ouvirmos. Sacanas. Estou mesmo farto desses sacanas todos. Tenho que conseguir perceber como foder esses sacanas todos, tenho de conseguir e que seja de forma rápida para mim mas lenta para eles. Estes sacanas todos que me enojam, que me perturbam o olfato, o ouvido, o meu olhar, que merda são todos juntinhos em festas, férias, jantares, recepções culturais, viajens de barcos sem elegância estética digna. Acreditam, esses sacanas, putas de merda e paroloslabregos, que são realmente o quê? Deuses? Artistas? Algo que está mais acima seja lá do que for? À morte, todos eles. Não em casotas de gáz, mas sim em contentores fechados e com cães famintos lá dentro. Sacanas de merda.
Putaquevospariu

Sim, lês-te bem... Puta que vos pariu... Sim, a puta da vossa mãe... Vão todos para o caralho que vos foda... Morram, seus cabrões nojentos... Cagalhões de merda fedorenta como os que encontro nas nossas belas calçadas... A puta da vossa mãe, sim essa, eu já fodi e mijei para a sua boca... Seus merdas.

16 novembro 2003

Pobre cão

Pobre cão, sem tempo para se tratar. Pobre cão, sem nada válido para viver. Pobre cão, sem sangue para vender. Pobre cão.

15 novembro 2003

Paris morreu

Queres? Pede-me. elpep@iol.pt
Dó Ré Mi

Notas falsas, mecânicas, de instrumentos que não existem, simples ilusão criada no virtual binário. Junto-as, baralho-as, cola-as, repito a sequência, colo novas notas falsas e mecânicas. Camadas de sons sobrepostos. Save as. Converto tudo para wav. Nomeio os sons. Gozam com o que faço, caguei para todos. Não me interresam as suas opiniões de merda. Desenho a capa, possível capa, do cd imaginário. Print. Corto, à dimensão, coloco na caixa. Guardo na parteleira ao lado de tudo, de todas as coisas que são eu. Eu, não me importo o que sou para os outros. Não os escuto, só produzem sons distorcidos por cordas vocais mais dadas a intervenções sexuais de obediência. Dentro de dois dias, aproximadamente, irei ouvir as músicas de notas falsas que criei, e então, só ai, nesse instante, vou perceber mais um pouco de mim. Dó Ré Mi.


Terminado o tempo, o arrastar do tempo, o saber de onde veio o querer, levanto os braços e escarro para cima de uma planta qualquer. Não por revolta ou insatisfação, rebeldia prevista, publicada ou anunciada, só por simples vontade de ser o que sempre fui. Não aguentei os filhos de putas que me rodeiam. Quebrou-se a minha resistência, a minha verdadeira motivação. Só consigo encolher os ombros e ignorar os outros. Não deixei de querer o que sempre quis, não parei, só deixo que tudo ande, Deixo-me estar. Calmo. No meu recanto, sózinho. À espera da morte, rápida, silenciosa. Boa noite.

13 novembro 2003

O carro no cruzamento

A alma sem pensamento. A elasticidade do sentimento.
Quando eu desejava, o mundo não parava

Quando eu pensava na vida, na minha, procurei em parteleiras esquecidas, as memórias da minha, já ida, vida.

10 novembro 2003

Simplesmente

Por culpa da Sofia, desculpa minha, comecei a recordar de tudo, de todos. Pessoas, lugares, actos, roupas, músicas, livros, viajens, tudo, tudo o que fui. Nostálgia pura. Memória ainda não currupta. As conversas, as bebedeiras, a rebelia, os beijos, o sexo, os seios, vaginas, escola, professores... ah, aquela prof de matemática! Incrivel, como eu fui. Lembro-me de tudo, rápido, como se o tempo fosse acabar, curto demais, não me permitindo viver os meus albuns de memória. Suzie, João Galante, Gil, Sofia, Paula Cachopa, Paulo d'Assunção, Rui Elias, Ana Cristina, Sara, Miguel, Alex, Leonor Pinela, António "Oeiras", Carla, Maria Del Mar, Pedro Patricio, Conceição, Rosária, tantos, tantos nomes que não consigo mais recordar. Aqueles momentos na alameda das ganzas, a tasca em frente, demasiadas imperiais. As músicas que ouviamos e viamos, em festas, em concertos. Por vezes, ainda encontro pessoas dessa minha vida, desse meu estar. E estranho. Estranho-os. Não percebo porquê. Por vezes, estranho incómodo, não os consigo associar com as suas imagens em mim. São diferentes, eu sou diferente. Estou diferente. Deixei-me levar pela mudança, a minha mudança, sempre rápida demais e sem consciência de mim. Não quero voltar para trás, não me sinto bem. Só quero recordar, sofrendo, e conhecer todos, de novo, para uma continuidade que me faz falta.
Sofia

Acordei, hoje, a sonhar, a recordar. Lembrei-me dela, não sei porquê, já não me recordava dela. Os olhos e a voz caminharam por mim, incomodando-me, pertubando-me, obrigando-me a sentir a náusea da saudade. Não sei onde está, se está algures perto, se está ainda igual à minha memória. É uma parte do meu passado, do que fui e vivi. De onde vim e onde estive. Onde pertenci. Lembrei-me das coisas vividas, dos momentos falados e sofridos. Senti percorrer no meu sistema olfactivo, o seu cheiro guardado num frasco de memória. Gostava de lhe tocar, de novo, mas sei que não é possível. O que me recordo, já não é. A imagem não tem corpo, nem sentido. Se um dia a encontrar, vou duvidar se é realmente ela. Ela, a que eu vivi.

08 novembro 2003

Eu, de novo eu

A minha carne, o meu sangue, fui comida e bebida, fui sempre alimento e proveito para outras pessoas. Só me deixaram os ossos. Talvez por serem dificeis de digerir e causar dores terriveis nos seus estômagos delicados. Agora, que pouco falta para morrer, já não conseguem perceber o porquê, o porquê de tantas coisas vividas e que nunca me falharam na memória. O meu sangue que bebes-te, que te corroa. A minha carne que devoras-te, que te rebente. Malditos.

06 novembro 2003

A

Carros. Tintas. Dinheiro. Sujo. Cheques. Águas. Preta. Cerveja. Sangue. Rua. Morte. Loucura. Desespero. Vontade. Desejo. Saber. Olhar. Fazer. Andar. Caminhar. Rolar. Comida. Sal. Sangue. Morte. Saida. Fugir.

04 novembro 2003

Mas...

Mas que merda é esta, que voçês chamam de nação? Um grupo de filhos de putas a roubar um bando de imbecis?
I am

Não sei o que quero mas sei como obter.
In times of universal deceit, telling the truth is a revolutionary act.
Malcom Lagauche

28 outubro 2003

Vox

Será que o mundo é diferente, em cada olhar?

27 outubro 2003

Azul

É engraçado. Poderá não ter piada, humor fácil ou palhaçada, mas não deixa de ser engraçado. O lápis azul, que outrora provocava dissabores em muitas vidas, censurando-as, é agora o lápis azul da animação. Os sonhos e as paranóias de outros tempo riscados, são agora animados pela mesma cor. Afinal, será que os censores não passavam de pessoas com uma imaginação brutal e muito própria? Talvez os verdadeiros percursores do cinema de animação, das suas técnicas, tenham sido os censores, em Portugal? O lápis azul da censura, anima em Portugal.

25 outubro 2003

Os outros

Ouve, tu és mesmo um merdas ou só estás armado em palhaço? Repara, não percebi ainda se estás com problemas, se és um animalzeco sem destino conhecido ou se simplesmente, nasceste torto da cona da tua mãe. Vês o meu cérebro? Não? Não o quê? Não sabes para que serve isso ou não sabes como usar isso? Olá... O mundo já deu infinitas voltas e tu continuas um merdas. Acorda, ó filho de uma puta barata.

24 outubro 2003

Em cima do telhado

Estão três tipos em cima do telhado, naquele prédio em frente, logo a seguir à companhia de seguros francesa. Ou será espanhola? Ou inglesa?? Não sei, não interresa. Estão três tipos em cima do telhado, naquele prédio em obras. Começou a chover e os gajos continuam em cima daquele telhado. Será que os gajos são estúpidos? Serão talvez imigrantes ilegais a tentar o suícidio, motivados pelas condições precárias de trabalho em Portugal? Serão eles enviados por seres extraterrestres, incumbidos de uma missão tão sigilosa, que nem os seus pares sabem? Serão proventura espiões americanos a tentar sabotar o que resta da nossa dignidade lusitana? Não sei o que serão. Nem porque estão em cima do telhado.

20 outubro 2003

Parvalhões e outros cabrões

Estou farto de aturar a merda dos autores portugueses. Cromos de merda. Alternativos ou independentes, cabrões da puta da vida. Mainstreams ou comercialóides, parvalhões com falta de ética. Não consigo mais aturar a arrogância destes filhos de putas perdidas nas ruas que não constam em qualquer mapa desta cidade ou de outras parecidas. Não tenho mais a paciência, que deveria ter, nem o gosto para descobrir as diferenças, nenhumas, entre eles. Ratos. Voçês são todos uns ratos. Arrogantes imbecis. Morram, queimados, seus estúpidos.

19 outubro 2003

Olá

Lembras-te do Marco? Porra, eu chorei imenso com aquela série... Era triste ver o Marco ficar sem a mãe. E o macaquinho? Coitadinho. Quando acabava o TV rural, domingos de manhã, lá ia o Marco procurar a sua querida mãezinha... E a abelha Maia? Que estúpida, mais o gafanhoto parvo... Bebes mais um copo? Os marretas é que era! Aquela miss Piggy murchava qualquer puberdade... Viva o Conan, o rapaz do futuro!! E as cidades de ouro e o Bonanza...
Chinês

Foda-se, mas eu falo chinês ou que merda de lingua?

17 outubro 2003

O jornal, foda-se!

Tá bem, fica descansado, porra... Amanhã, vais também? Boa viagem. Nõo te esqueças de levares o cérebro e de o lavares quando lá chegares. Bom. hoje vou ver o video da eleição para a casa branca. É de facto um bom filme, apesar de não estar editado em DVD. O George Bush é um óptimo comediante, gosto muito das suas anedotas. Consegue aldrabar sempre a sorrir e substituir os votos do povinho estúpido. Ah, isto é que é liberdade! Será que as próximas eleições presidenciais do presidio chamado estados unidos, em 2004, serão assim tão hilariantes? Ou vamos assistir a uma secante e ridicula corrida democrática, ou seja lá o que for, tí­pica do velho continente? Que se lixe. De todos os palhaços, o Broche, ops... Bush, continua a ser o mais engraçado. O circo montado no Iraque vai-se manter, contra todos os direitos humanos e internacionais, mas que se lixe, o Bush vai ser sempre o meu palhaço preferido.

16 outubro 2003

Idiota

Lisboa. 16h07m. Carros, demasiados, a circular por entre ruas apertadas. Gajas de roupas pesadas, sedutoras no olhar, putas no andar. Um pombo cagou à minha frente sem me acertar. Um bófia, filho da puta, coloca o bloqueador na roda de um carro que, passado um minuto do tempo permitido, não estava autorizado a estacionar ali. Ali, naquele canto escuro e estúpido, naquela rua barulhenta. Olho para as janelas e vejo uma boazona. Boas tetas, bom cú. 2º esquerdo daquele prédio pintado de rosa. Atrevo-me a subir? Ou sou cobarde demais para me atrever a comunicar com a tipa e engatá-la? Vou para a esplanada e peço uma imperial. Um cachoro quente. Uma empada e um rissol. Penso no que devia fazer. Vou ou não? A gaja quer ou não quer? Dá-me tesão, é um facto. Subo? A foda será boa? Bom, mais uma imperial, se faz favor. Foda-se... Vou arrotar. E a tipa, será que as tetas são verdadeiras? Mas o cú é mesmo bom. A porta do prédio não tranca, o que é muito bom. Vou subir, mas primeiro vou acabar esta imperial. Merda, mas quem me telefona? Estou? Sim? Ah, és tu... Diz. Como? Não, não posso ir. Eh pá, não sei, tou fodido e cansado. não me apetece ir. Sim, sim. depois ligo-te. Tchau. Vai pró caralho, foda-se... Bom, esta imperial já foi. O melhor é pedir outra. E a gaja, já não vejo a gaja... Mas que merda, sou sempre a mesma merda. que se foda... Vou comer mais uma empada e pedir uma garrafa de água para aliviar a garganta. Vou para o estudio desenhar. Levanto-me. Desculpe, vai sair? Foda-se... É a gaja... Mas que tetas... Sim, sim, vou sair. Obrigado. Estúpido... Ela senta-se na tua mesa e tu vais embora???? Que se foda. vou ver gajas nuas na net.
CRIMINOSO

Sou um criminoso. Sim um criminoso, daqueles que não são bem aceites na sociedade. Não matei ninguém, não violei ninguém, não fodi nenhuma criança ou velhinha, não colaborei na queima total deste cantinho da europa... Sou criminoso por ter alcool no sangue, enquanto conduzia. Não atropelei ninguém, nem tive qualquer acidente... Se tivesse morto, violado, raptado ou coisa parecida, era perdoado, evocava logo demência ou problemas familiares. Mas não. Sou criminoso e pronto. Ah, que saudades da justiça...........

11 outubro 2003

Citação

"I know that changing the world is not easy, but it remains necessary nonetheless."
Fadhil al-Azzawi

10 outubro 2003

Bófia

Filhos de putas. Os PSP's são todos uns filhos de putas.
Desculpa-me

Sou mongo, sim, muito mongalóide. Só podia ser mesmo monga para continuar a aturar, estúpidamente, os porcos que se sentam no parlamento desta, já ida, nação. Ah, Tio António de Oliveira, tu é que os conhecias bem!
...!!!!!!!

Odeio-te. Metes-me nojo.

01 outubro 2003

Socorro

Socorro.

30 setembro 2003

Talvez

Um dia, talvez. Um dia, não importa qual, nem quando, talvez como, vou te telefonar. Marcar o teu número e esperar a tua voz do outro lado, aqui perto de mim, encostada. Vou talvez acreditar, nesse dia, qualquer dia, em tudo que falamos naqueles dias que vivemos, juntos e afastados. Não consigo explicar porquê, talvez o que sei já tenha sido importante, muito, naquele momento, mas agora, só o é significado de recordação. Um dia, talvez, te telefone.
Nada

Estou farto de vocês............. seus filhos de putas ressacadas, paridos em coma num contentor de lixo abandonado perto de uma casa de putas ranhosas.

22 setembro 2003

Hands...

My hands... The muscles seem to be independent of the body... As if they want to break free of it... Strike out on their own as it were.

"Malus" Cristopher Webster

18 setembro 2003

Merda

Ontem estive a ver televisão. Na net. Encontrei um canal porno, hungaro, muito fixe. Às 04h38m, começou um filme muito interesante, argumento fácil, bem estruturado, caracterização de personagens muito boa. Uma das situações, original, boa realização, envolvia dois gajos muito semelhantes no pensar. Um deles tinha era semelhante ao Bush e o outro ao tio Bin Laden. Enrrabavam-se constantemente e com muito amor. Apereceu, de repente, uma senhora, já de idade avançada, de nome Europa, que num gesto brusco e carinhoso, lhes enfiou um vibrador made in Korea, no cu e na boca. As lágrimas brotaram dos meus olhos, como relâmpagos de seda.
Viva

Estou triste. Ninguém comemorou o onze de setembro...
Sabias?

Os demónios também se drogam. Alucinam com todo o seu corpo energético.
...!

"A tua cona sabe a coca-cola."

Não me perguntem o significado, mas ouvi isto, hoje, no metro.
...

"A tua cona sabe a coca-cola."

Não perguntem o que isto significa, mas ouvi isto hoje, no metro.

08 setembro 2003

Limpeza

Já não sei de que falo. Se de mim, dos outros ou de ninguém. Se devo ficar calado, se devo deixar tudo passar e que me esqueçam. Não tenho mais a certeza de querer estar parado. Tenho de sair, voltar a partir, como sempre fui, deixando cobardemente para trás tudo o que incomoda e prejudica. Tenho de deixar o trabalho. Levar comigo, na algibeira, só as minhas imagens, os meus códigos de definição. A minha definição. Até uma nova paragem. Uma nova fronteira, própria, definida pela sua pequenez. Deixar a minha insegurança partir, sem mim, outra vez, sem me repetir. De novo sem saber qual será o próximo passado, quais as próximas recordações. Que se lixem todos. Não merecem viver. Nada. Nada vos diz respeito, cabrões. Morram. Se sou simples, sim, sou. E depois? Vou à casa de banho cagar e já volto, ao mundo.

Tirei a tua fotografia mais bonita, do conjunto que guardo na minha memória, limpei-a. Lembrei-me do momento em que, ainda nós, registamos em nitratos de prata os instantes, os gestos. Emoldurei-a e pendurei-a no local mais indicado. Onde a vejo, sempre que acordo. Onde te vejo, sempre que deixo entrar a luz do sol. Escolhi o melhor papel, o melhor vidro. Limpei a parede para não estragar o momento, o acto de te perpetuar aos meus olhos, não só na minha memória. Se te amei? Não sei. Que ainda me completas, sim, isso sei. Que a tua imagem, preto e branco, tem todas as cores que preciso, seio também. Porque te deixei? Simples. Não podia estar mais contigo.

Noite. Vivo sempre mais de noite. Não porque não goste do dia, só porque me é mais fácil de estar sozinho sem ter de explicar a minha presença, seja em que lugar for. Posso fazer tudo o que quiser, sem sentir nem suportar os outros. Mesmo que sejam como eu. Mesmo que tenham algo de importante para mim. Prefiro estar assim, sozinho e calmo.

Tarde demais. Vou vomitar de novo. Sai da minha frente. Se não me deixas sair, não sei o que pode acontecer à nossa conversa. Vou vomitar. Não consigo controlar. Não gostaria de sujar o teu vestido. Se isso acontecer? Amanhã, voltas a falar comigo? Não? Então vai para a merda. Foda-se. Estúpida.

Os computadores tem a triste mania de se, cada vez mais, parecerem com as mulheres. Não acreditas? Repara: birras. Elas e os computadores estão carregadas de birras, não concordas? Ambos são teimosos, irritantes, saturam qualquer pessoa e levam-nos ao desespero. Senão fizermos à sua maneira, pronto, lá vem mais uma panca qualquer. Foda-se. Os computadores, felizmente, quando nos chateiam, sempre podemos lhes dar uns quantos murros e pontapés. Elas? Foda-se. Fazem logo queixinhas às amigas ou à mãezinha.

03 setembro 2003

Israel

Terra de nazis. Aglomorado de filhos de putas paridas antes e dentro dos campos de concentração. Alunos perfeitos de génios aberrantes, mesmo que repudiados. Terra onde não ser judeu é crime. Terra fábrica de xenófobos por excelência, criminosos, contra a humanidade. Carraças de direita, riquezas de ouro muçulmano, arrancadas com morte e com sangue cobertas. Judeus nojentos. Asassinos. Os grandes mestres do terrorismo mundial, aprendido nas salas de aula brutais da Alemanha e Russia de outrora.
culturalmente do povinho

Banda desenhada não é um nome de uma banda labrega, de pimbaria tuga.

31 agosto 2003

Foda-se

Testei os meus olhos. Doeu-me mas aguentei. Falta luz de qualidade, para poder ver.

Embora seja frequente, nunca quis solicitar mais paciência. Posso acreditar em tudo, sem ver, só acreditando naquilo que sempre pensei e subscrevi. Nunca, em nenhuma ocasião, decidi brutalmente, o que faria em situação semelhante. Aprendi, não de uma forma simples, o valor da morte. O valor da morte decidida. Desejada. Necessária para a continuidade da minha existência. O amor que sempre teve por mim e por todos, familia.

Encostei a arma na cabeça e pensei, lento e radicalmente, como me poderei sentir, na sobrevivência diária, na sombra do meu consciente, sabendo que a continuidade seria interrompida, fugaz, pela minha decisão. Encostei-a na minha memória, disparei. Seco. Tiro rápido e seco. Na manhã seguinte, voltou ao meu sonhar.
Labregos

Estive umas semanas fora, de férias, no Algarve. Foi bom descansar. Foi muito bom estar longe dos filhos da puta do meu trabalho. Foi muitíssimo bom esquecer por uns dias toda a merda que tenho de aturar. Mesmo assim, continuo a não conseguir encontrar um tema, um tema que fosse, mesmo simples, para conviver com estes merdas.

Começa a ficar mais frio. Não na rua. Frio na minha relação com as outras pessoas. Não consigo assumir nenhuma situação de compromisso com alguém. Não quero assumir. Pode ser cobardia e desculpa, mas não quero. Não suporto mais ter de me responsabilizar por outra pessoa. Nem consigo suportar a existência de outra pessoa. Quero continuar assim, sem nada, sem ninguém que me incomode. Quero decidir sem me preocupar com consequências noutra pessoa. Não ter de me preocupar com a receptibilidade nas outras pessoas. Gosto do frio entre mim e as outras pessoas, gosto de o sentir oprimir a arrogância dos outros. Frio que queima qualquer possibilidade, qualquer vontade, de relacionamento.

Os meus dedos estão a ficar presos, a dor torna-se cada vez mais insuportável. Insisto. Tenho de insistir. Faz-me falta os dedos. Posso os cortar, aliviando a dor com a sua ausência. Posso os queimar com ácido, anulando assim a sensibilidade, atrofiando os músculos. Mas sei se o fizer, não vou poder mais tocar no teu corpo. Sentir a tua aproximação longiqua, que me aquece e perturba.

Estou com sono, o que me torna mais lento, no momento em que deveria, sacudindo, estar atento a todos os teus movimentos. Tens vontade? Eu não. Porquê? Não sou capaz de te dizer, não sou. Se gosto? Porque perguntas? Sim, sei que estou muito lento, lento e calmo. É assim tão mau? Não gostas que te aprecie calmamente? Queres te ir embora? Vai. Porque hesitas? Não quero saber. Não te esqueças de me riscar do imaginário. Cala-te. Estou cansado de te ouvir. Tchau.

Na estrada entre Penacova e Lorvão, morreu atropelado um indivíduo de 59 anos, viuvo, sem filhos. Era tido na sua aldeia como um indivíduo pacato e trabalhador. Familiares e amigos choram e lamentam a sua morte. Segundo consta na freguesia, o mesmo era possuidor de uma fortuna imensa.

Ontem, durante a noite, senti um vazio. O estômago apertava, provocando-me uma dor, vazio. Levantei-me, quatro vezes, sem saber o que fazer para apagar o vazio. Andei da sala para o quarto, do quarto para a sala do computador, desta para a cozinha e depois para a sala. Abri a janela, espreitei, não vi ninguém, nenhum carro passou. Sai. Fui para o quarto. Chateei-me, fui ligar o computador. Net. Gajas nuas, pornografia. Chateei-me. Desliguei o computador e fui para a casa de banho. Sentei-me na sanita. Fui à cozinha e tentei comer algo para preencher o vazio do estômago. Enganei-me. Não consegui acabar com a minha dor. Falta-me alguém na minha existência. Alguém para discutir, alguém para detestar e apreciar. Alguém para abraçar e esquecer nos momentos mais importantes. Alguém que não seja só alguém. Não só para conversar e suar em todos os lugares, não só para nada e para tudo completar. Só alguém que me alivie o estômago.

30 agosto 2003

Velho

Estou mais velho. Velho e cansado. Saturado e rabugento. Com o corpo que quer descanso, a exigir, descanso. A vista está cansada, eu sinto, desfocada. Não sei porque não vou ao oftalmologista. Talvez por vergonha de admitir a velhice, sim, esta velhice que já me marca. Forte e corrosiva. Saudades de tudo o que já vivi e não esqueço, mesmo que me entristeça. Mesmo que me deixe nada receptivo a outras pessoas, outras vidas, diferentes ou repetidas. Não me fecho no meu mundo sozinho, encerro-me fortemente nele, como uma fortaleza cheia de canhões pesados e uma profunda fossa de ácidos estranhos, corrosivo e de odores que se entranham entre a pele e os ossos.

00h29m. Ainda a trabalhar.

00h30m. E ainda a trabalhar.

00h31m. E ainda a trabalhar...

Na falta de sangue, limpo, sem qualquer doença, retirei o meu e tentei substitui-lo por álcool. Falhei. Ainda tenho o meu sangue, sujo, impróprio para consumo. Sempre que me corto, acidentalmente consciente, tento despejar o máximo de sangue. Nunca consigo.
Jantar

Na quinta-feira fui jantar comida africana. Com uma amiga. Maravilhoso. Preciso cada vez mais de falar, intimamente, com as outras pessoas. De mim. Dos outros. De mim para os outros e dos outros para mim. Foi bom falar, simples no sentir. Não sei se fui realmente incómodo ou se não dei o espaço necessário. O espaço que, sendo dos outros, tenho de respeitar. Não estragar. Esperar que o meu espaço não suje os outros espaços. Foi bom jantar com ela.

Tentação

Sinto a tua falta. A tua parte do meu cérebro está adormecida. Não consegue compreender porque não estás aqui, em mim. Quando a levo para tua casa, desejo sair do carro e subir até ti. Tocar-te. Beijar-te. Aquecer-me no teu desejo. Sujar-me com o teu suor. Mas não. Conto até 20. 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20, respiro fundo. Contenho-me. Não vou sair do carro, não posso. O tempo passou, cedo demais. Foi por isso que não conseguimos aguentar. Foi tudo, sempre, cedo demais. Imaturos. A tua e a minha parte juntaram-se rápido demais, sem preparação, em choque brutal. Não nos queima-mos mas provoca-mos um resultado maravilhoso. Sem pieguices. Foi tudo muito cedo, muito rápido, muito bom. Por isso sei que não vamos voltar a misturar os nossos suores. Quero dormir não para esquecer mas para te sonhar. Saudar a tua memória. O teu desejo que estará sempre em mim.

Quero dormir.

27 agosto 2003

Sopa

Estou a ler as linhas que escrevo, sem pensar se alguém, alguma vez, leu ou vai ler todos estes textos. Não penso se devo acabar com toda esta exposição. Continuo a escrever, sempre sem controle, aqui, da mesma forma que me irrito e desejo. O calor ensopador que me cobre o corpo, incomoda-me bastante, irritando-me. Obriga-me a esconder, anti-social, refugiar-me no meu espaço fechado. Não quero que me falem, não me toquem, não respirem para cima de mim, não me contrariem. Deixem-me, seus filhos da puta! Parem, de me contrariar.

Será ainda muito cedo? O fim ainda não chegou? O principio já passou? Estou a tentar passar, rápido, sem nenhuma preocupação, no meio, sem nenhuma tentativa esperada de travar. Com todo o meu corpo, presente ainda no que já nos passou, encontro-me dentro. Tiro todo o proveito necessário. Não questiono se queres. Não me preocupo. Não estou ciente da minha recordação. Acredito que o meu fim já foi passado e nunca será presente, não depois de tudo.

Na minha mesa, encostada à perede, branca, sem receio de cair, está um lápis, azul. Olho para ele sem saber se quero, ou não, rasgar o papel com o seu bico, já gasto, criando uma imagem incómoda para mim.
Sono

Estou cansado e sem sono. Estou a falar na rede, a tentar sentir sono.

24 agosto 2003

Racismo

No meu trabalho, existe um negro, Angolano, daqueles nojentos, estúpidos, verdadeiro exemplo daquilo que os tugas criaram: uns animais ridiculos e aproveitadores, mesmo de restos sociais putrefactos... Não consigo comunicar com esse exemplar. Tão natural, penso, já que o mesmo tem orgulho em ser a bosta que é. Diz que Angola está no estado que está, por culpa dos tugas... Que se os Portugueses não tivessem abandonado, sim, abandonado, Angola, essa nação não estava assim... Que os tugas não foram corridos de Angola, que ninguém queria os Portugueses fora de Angola, que os Portugueses são cobardes e por isso sairam a correr e que isto, diz ele, é tudo verdade... Está na História. Estúpido.

Ramones. Estou a ouvir a colectânea dos Ramones. Fixe. Os merdas do trabalho estão todos fodidos... Fixe.

Estive a beber uma cerveja. Fresca. Muito boa. Não bebi muitas, só uma. Fresca.

Estou a ouvir estórias do Jota. Estórias do Avô, enquanto era vivo, trabalhador numas minas, grande mulherengo, com uma vida fantástica, energia aos 80 anos,etc. Boa pessoa, o Jota. Dos poucos que tenho o prazer de conviver e trabalhar. É um tipo da minha geração, 36 anos. Origens humildes. Educação primária. Uma vontade de estar bem, sempre, em qualquer sitio. Gosta de gajas, aos montes. De vinho, mesmo do carrascão. Petiscos e musica parola. Pessoa simples, de gostos simplórios. Vida dedicada ao gozo máximo da simplicidade.

Sinto-me muito triste, abatido. Com saudades. Muitas. Sinto falta das minhas Avós. Das suas experiências da vida. As minhas professoras. As minhas referências. Sinto falta do colo da minha Avó paterna, de me deitar com a cabeça no seu colo. Das suas formulas de me convencer a comer a sopa, o arroz e o peixe frito. Das suas festas na minha cabeça, caricias que me acalmam. Do seu amor, total e dedicado, pelos netos. Das suas lições, que se tornariam mais tarde, tarde demais talvez, em regras na minha vida. Do seu conforto simples, ao me receber quando eu chegava a casa, vindo da escola e da minha escola de vida. Sinto a falta da minha Avó materna, a sua visão mais rigorosa do mundo. A sua formação clássica católica, socialmente correcta, integrada, sem falhas, vinda de um nivel social alto, muito alto. Dama de aço duplo. Inquebrável. Pilar de união para uma familia em ruinas. Vitima de uma asneira da sociedade tuguesa. Politicamente de direita, contra a esquerda. A minha influência óbvia. A origem do meu outro lado, socialmente correcto, marginal. Suporto as suas ausências.

Sou de direita esquerdista. Anarquista monárquico. Sem religiões nem credos.

Doi-me a cabeça. Sinto o sangue a percorrer as minhas ideias, cortando todas as tentativas, minhas, de ser lógico. Compreensivel. Aceite. Reconhecido. Filhos da puta... Voçês são todos uns filhos da puta...

Todos para a merda...

20 agosto 2003

Estou a trabalhar

A aborrecer-me com tudo. A odiar todos. Não me reconheço neste lugar, nesta merda de lugar. Estúpidos. Todos estúpidos, sem excepção. Não consigo encontrar nada de realmente interessante nestas pessoas com quem trabalho. Desprezo-os. Não consigo conversar, nem encontro assunto algum, com estes merdas. Mães estúpidas... Estúpidas por acreditarem que o aborto é um crime. Contra deus. Estúpidas. Se este fosse um estado de direito, a justiça deveria julgar e punir estas estúpidas. Sei que devo ter algumas opções, fugas desta coisa que vivo, mas, cobardemente, não saio daqui. Não consigo esquecer as minhas desculpas. Estou agarrado a elas, não por necessidade como vulgarmente me desculpo, mas porque não tenho coragem e vontade própria para sair e viver todo o meu eu, em pleno.


Entro para o carro e ligo a ignição. Baixo os vidros. Vidros eléctricos. Engato a primeira e acelero. Procuro a placa indicadora. Viro. Esquerda. Segunda à direita. Paro. Sinal vermelho. Foda-se, o bófia está a olhar demasiado para mim. Vai-me multar, de certeza. Os filhos da puta não gostam de mim. Não acredito neles. Não lhes reconheço qualquer credibilidade, não enquanto agentes de uma autoridade falhada. Autoridade desautorizada por mérito próprio. Sinal verde. Continuo a minha viagem. Primeira placa a indicar Espanha. Cento e qualquer coisa, quilómetros para a fronteira. Devagar para apriciar o vento que entra pelas janelas do carro. Janelas com vidros eléctricos. Mantenho uma velocidade quase constante, sempre a sentir a alegria produzida pelo desejo de chegar rapidamente à fronteira. Não fujo. Só tenho que sair do meu lugar, este lugar habitual, sem nada de novo para me motivar a ficar. Não sei o que faço. Nem o que farei para lá da fronteira, longe do meu espaço habitual. Sem referência para mim. Continuo a viagem, sempre com as janelas abertas.


Encontrei, não me recordo em que dia, um antigo colega meu, tempo de tropa, algarvio. Perguntei-lhe como estava a vida dele. Pergunta de social, arrependi-me. Disse que corria tudo bem com ele, casado, dois filhos, carro de ultimo modelo, esposa de sucesso, sogros fantásticos, emprego não muito estável mas mesmo assim sem problemas financeiros, uma casa perto da praia com uma vista para o oceano, de inveja, equipada com as melhores marcas, roupa de prestigio, amigos não muito bons mas bem colocados, pelo menos na junta de freguesia da sua residência, um cão caríssimo e bem alimentado, um aquário no quarto dos putos, telemóvel topo de gama, portátil, enfim tudo o que não tenho, felizmente. Três messes e qualquer coisa depois, suicidou-se.


Que merda, estou a trabalhar...

30 julho 2003

Incoerente.
Ou seja lá o que me chamas-te. Mesmo que isso seja eu, o que tens tu com isso? Sou eu, mesmo que não concordes, mesmo que não seja conveniente para ti. O calor é intenso demais para mim. Começo a desesperar. Tens, de certeza, vontade de que eu, apesar de tudo, esteja aqui ao teu lado? A desmotivação da minha criatividade provoca-me desejos e tristezas. Tu realmente incomodas-me muito quando falas comigo. Vou-me embora. Quero-te. Tenho os pés na água e as mãos nos bolsos. Merda. Porque insistes em me chamar assim, dessa maneira? Adoro o teu calor? Dá-me a tua mão, outra vez, mesmo que seja por carinho.


Sou branco e sou descriminado. Não o sou por ter sida ou três pernas, nem mesmo porque possa ter visões do futuro, ou falar com fantasmas, mesmo os meus, do passado. Podia ser descriminado por tendências sexuais, desviantes ou não, por homosexualidade ou misturas raciais. Por zoofilia em público. Podia ter sexo com tipas africanas, mas não, não gosto delas, prefiro especiarias orientais. Sou descriminado por não sentir a minha cidadania adormecida. Por não aceitar explicações óbvias do que não é óbvio nem para me sentir confortávelmente integrado na sociedade. Não aceito explicações como regras de convivência social. Sou descriminado porque sou branco. Branco com opinião. Simples opinião.


Os meus dentes quebram-se. Não sei quanto tempo mais vou poder aguentar estas dores.


Tenho de entender tudo o que me acontece. Necessito de me explicar, numa tentativa fraca. O porquê? Sou eu. Assim. Não quero, não me interresa nada, saber se tudo à minha volta pode aceitar-me, assim.


Rasguei a pele num agrafo. Não senti dor. Só calor. Talvez do sangue que escorreu da mão, caindo no desenho que, esventrando o papel, construo no meu cérebro. Rasguei a carne por ter insistido, por prazer, no golpe involuntário. Não sei se devo rasgar o desenho que estou a fazer. Talvez não. Vou continuar a golpear o papel. Criar rasgos na sua superficie, deixando marcas negras. Tinta. Tinta negra. Tinta negra misturada no sangue escuro que escorre da minha mão. Tiro o agrafo que me rasga a pele, com a violência necessária. Coloco-o em cima da borracha, verde, ao lado da garrafa. Poderei guardá-lo como recordação. O frio começa a percorrer o meu corpo. Tenho de rasgar a pele de novo, para me aquecer.


Tentei mais uma vez saber como definir a vontade, esta vontade, de te desejar, sem cair num lugar vulgar e gélido. Talvez pudesse saltar para uma outra dimensão, sempre agarrado ao vazio, para descobrir uma noção diferente de ti. Tentação desgraçada. Tempo rasgado e desbravado, onde posso habitar, com as minhas mãos suadas no teu corpo.


Se pudesse sentar-me no teu tempo, chorava.