31 agosto 2003

Foda-se

Testei os meus olhos. Doeu-me mas aguentei. Falta luz de qualidade, para poder ver.

Embora seja frequente, nunca quis solicitar mais paciência. Posso acreditar em tudo, sem ver, só acreditando naquilo que sempre pensei e subscrevi. Nunca, em nenhuma ocasião, decidi brutalmente, o que faria em situação semelhante. Aprendi, não de uma forma simples, o valor da morte. O valor da morte decidida. Desejada. Necessária para a continuidade da minha existência. O amor que sempre teve por mim e por todos, familia.

Encostei a arma na cabeça e pensei, lento e radicalmente, como me poderei sentir, na sobrevivência diária, na sombra do meu consciente, sabendo que a continuidade seria interrompida, fugaz, pela minha decisão. Encostei-a na minha memória, disparei. Seco. Tiro rápido e seco. Na manhã seguinte, voltou ao meu sonhar.

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