Sopa
Estou a ler as linhas que escrevo, sem pensar se alguém, alguma vez, leu ou vai ler todos estes textos. Não penso se devo acabar com toda esta exposição. Continuo a escrever, sempre sem controle, aqui, da mesma forma que me irrito e desejo. O calor ensopador que me cobre o corpo, incomoda-me bastante, irritando-me. Obriga-me a esconder, anti-social, refugiar-me no meu espaço fechado. Não quero que me falem, não me toquem, não respirem para cima de mim, não me contrariem. Deixem-me, seus filhos da puta! Parem, de me contrariar.
Será ainda muito cedo? O fim ainda não chegou? O principio já passou? Estou a tentar passar, rápido, sem nenhuma preocupação, no meio, sem nenhuma tentativa esperada de travar. Com todo o meu corpo, presente ainda no que já nos passou, encontro-me dentro. Tiro todo o proveito necessário. Não questiono se queres. Não me preocupo. Não estou ciente da minha recordação. Acredito que o meu fim já foi passado e nunca será presente, não depois de tudo.
Na minha mesa, encostada à perede, branca, sem receio de cair, está um lápis, azul. Olho para ele sem saber se quero, ou não, rasgar o papel com o seu bico, já gasto, criando uma imagem incómoda para mim.
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