18 janeiro 2004

Urbanismo real.

Casas negras, sujas com águas residuais, casas negras das fábricas, albergam pessoas sem interesse algum na vida. Existências que o são por o ser, sem lógica ou por quererem. Arquitecturas como torres de térmitas nojentas, aproveitadoras de detritos dessas fábricas, ocupam espaços necessários e vitais, para o viver com ar. Espaço, a sua falta, a sua presença no existir, opressor dos nossos sentidos, condicionando as cores e suas temperaturas, os sons que não conseguem propagar nas condições correctas até aos nossos sabores rítmicos. Temos de sabotar as redes e vedações, rebentar as paredes que impedem o desenvolvimento, esventrando por fim, novos caminhos de visão para além das nossas limitações. Afinal, os muros também caem, como folhas podres, saturadas, de estruturas já passadas.

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