Salazar era um génio.
Só podia ser um génio. Só um homem desse nível poderia dominar um povo, uma nação, um império durante tanto tempo. Pela força, pela repressão, pela ignorância. Obviamente. Mas também porque o podia fazer, pois soube aproveitar a nossa estupidez e amplificar a nossa tão very tipical ignorâcia e o medo, o nosso medo. Um homem que soube dominar um povo através da lástima do fado, do medo ignorante de fátima e da homossexualidade reprimida do futebol. Ó triste alma minha que sofre, ó mulher danada que me levas-te à bebida, lálálálá... ó demónios que me perturbam, corroendo a minha moral, deus que não me abandone... as multidões exaltadas que excitadas admiram vinte e cinco tipos em calções a correr na relva, por causa de uma bola, aquela bola, de t-shirts suadas amarcarem os esbeltos corpos produzidos em tornos fashion. Um homem que conseguiu cegar um povo com uma bêbeda cantadeira, um negro mal falante com um único talento: as pernas, e uma santa que uns putos ranhosos e pastores alucinados, disseram ter visto entre nuvens. Brilhante. Estúpido povo e nação carente! Que orgulhoso este povo coberto de vergonha. Pela fome percorreram mares, ocuparam terras longiquas, escravizaram outros povos, destruiram outros credos, outras culturas. Que bravura foi essa, ó gentes estúpidas, que tanto cantais? Um mundo português nas mãos de um pacóvio de Santa Comba Dão. Estúpido povo que obedeceu como um cachorinho a um labrego letrado. E mesmo depois da birrinha do 25 de Abril de 1974, este estúpido povo continua igual. Imparável na cegueira, no turistico fado, na vendida fátinha e na paneleiragem do futebol. Cães obidientes, bem treinados nas escolas da ignorância, continuam a saga de existirem pela lei de Salazar. Continuem a dormir, que nada vos perturbe o sono sagrado da ignorância. Que se fodam todos.
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